domingo, 14 de agosto de 2011

DIA 15/08 SE COMEMORA O DIA DA "ASSUNÇÃO DE MARIA"E TAMBÉM É DIA DOS SANTOS "SÃO TARCÍSIO" E "NOSSA SENHORA DA BOA VIAGEM" E TAMBÉM 'NOSSA SENHORA DA LAPA"

Assunção de Maria 

Série de artigos sobre
Mariologia católica
Maria, mãe de Jesus

Devoção

Hiperdulia • Companhia de Maria • Imaculado Coração • Sete Dores • Títulos • Santo Rosário • Direito Canônico
Orações marianas famosas

Ave Maria • Magnificat • Angelus • Infinitas graças vos damos • Lembrai-vos • Salve Rainha
Dogmas e Doutrinas
Mãe de Deus • Pérpetua Virgindade • Imaculada Conceição • Assunção • Mãe da Igreja • Medianeira • Corredentora • Rainha do Céu

Aparições
Crenças reconhecidas ou dignas de culto
Guadalupe • Medalha Milagrosa •
La Salette • Lourdes • Fátima • Caravaggio • Prouille

Doutrina da Igreja Católica

A Assunção de Maria é a crença tradicional realizada pelos cristãos católicos, ortodoxos, anglicanos, e nenhuma das denominações protestantes que Maria mãe de Jesus no final de sua vida foi fisicamente assunta para o céu. 
A Igreja Católica ensina esta crença como um dogma de que a Virgem Maria "ao concluir o curso de sua vida terrena, foi assunta em corpo e alma para a glória celestial."  Isto significa que Maria foi transportada para o céu com o seu corpo e alma unidas. Esta doutrina foi dogmaticamente e infalivelmente definida pelo Papa Pio XII, em 1 de novembro de 1950, na sua Constituição Apostólica Munificentissimus Deus. A festa da assunção para o céu da Virgem Maria é celebrada como a "Solenidade da Assunção da Bem-aventurada Virgem Maria" pelos católicos, e como a Dormição por cristãos ortodoxos. Nestas denominações a Assunção de Maria é uma grande festa, normalmente comemorada no dia 15 de agosto. 

Catolicismo 
Assunção de Maria. Tiziano Vecellio, século XVI. 
O dogma da Assunção refere-se a que a Mãe de Deus, no fim de sua vida terrena foi elevada em corpo e alma à glória celestial. Este dogma foi proclamado ex cathedra pelo Papa Pio XII, no dia 1º de novembro de 1950, por meio da Constituição Munificentissimus Deus: "Depois de elevar a Deus muitas e reiteradas preces e de invocar a luz do Espírito da Verdade, para glória de Deus onipotente, que outorgou à Virgem Maria sua peculiar benevolência; para honra do seu Filho, Rei imortal dos séculos e vencedor do pecado e da morte; para aumentar a glória da mesma augusta Mãe e para gozo e alegria de toda a Igreja, com a autoridade de nosso Senhor Jesus Cristo, dos bem-aventurados apóstolos Pedro e Paulo e com a nossa, pronunciamos, declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado que a Imaculada Mãe de Deus e sempre Virgem Maria, terminado o curso da sua vida terrena, foi assunta em corpo e alma à glória do céu". 
O Novo Catecismo da Igreja Católica declara: "A Assunção da Santíssima Virgem constitui uma participação singular na Ressurreição do seu Filho e uma antecipação da Ressurreição dos demais cristãos" (n. 966). 
 Nos livros apócrifos 
Muitas tradições religiosas em relação a Maria, guardadas na memória popular e em dogmas de fé, têm suas origens nos apócrifos, assim como: a palma e o véu de nossa Senhora; as roupas que ela confeccionou para usar no dia de sua morte; sua assunção ao céu; a consagração à Maria e de Maria; os títulos que Maria recebeu na ladainha dedicada a ela; os nomes de seu pai e de sua mãe; a visita que ela e Jesus receberam dos magos; o parto em uma manjedoura, etc. Vejamos a passagem do livro de São João Domicini, santo de origem italiana, sobre a Assunção da Bem-aventurada Virgem Maria: 
"E Pedro tendo no cantar do hino, todos os poderes dos céus respondiam com um Aleluia. E então o rosto da mãe do Senhor brilhou mais brilhante que a luz, e ela foi elevada para as alturas e abençoava cada um dos apóstolos com o própria mão, e todo deram glória a Deus; e o Senhor esticado adiante Suas mãos puras, e receberam sua alma e seu corpo inocente e sagrada. E com a partida de sua alma e corpo inocente o lugar foi enchido com perfume e luz inefável; e, vê, uma voz para fora do céu foi ouvida, dizendo: Tu és bendita entre as mulheres". 
Nos evangelhos canônicos 
Os quatro evangelhos, Mateus, Marcos, Lucas e João, não mencionam atributos miraculosos a Virgem Maria. Na narrativa bíblica, sua aparição ocorre nos momentos antes do nascimento, em trechos da vida pública e no martírio de Jesus Cristo. Além disso, ela aparece nos Atos dos Apóstolos, em oração com a Igreja reunida, à espera de Pentecostes.


SÃO TARCÍSIO

Tarcísio 

 São Tarcísio, escultura de Alexandre Falguière criada em 1868, pertencente ao acervo do Museu d'Orsay 
São Tarcísio viveu em Roma por volta do ano 258 da era cristã. A wikipedia italiana indica como provável que tenha vivido entre 263 e 275 d.C. O pouco que se sabe sobre ele vem da epígrafe em seu túmulo, escrita pelo Papa Dâmaso I, que foi papa no século seguinte ao que Tarcísio viveu. É considerado o padroeiro dos coroinhas, acólitos e cerimoniários. 

Tarcísio pertencia à comunidade cristã de Roma, era acólito, isto é, coroinha na igreja. 
No decorrer da terrível perseguição do imperador Valeriano, muitos cristãos estavam sendo presos e condenados à morte. Nas tristes prisões à espera do martírio, os cristãos desejavam ardentemente poder fortalecer-se com Cristo Eucarístico. O difícil era conseguir entrar nas cadeias para levar a comunhão. Nas vésperas de numerosas execuções de mártires, o Papa Sisto II não sabia como levar o Pão dos Fortes à cadeia. Foi então que o acólito Tarcísio, com cerca de 12 anos de idade, ofereceu-se dizendo estar pronto para esta piedosa tarefa. Relativamente ao perigo, Tarcísio afirmava que se sentia forte, disposto antes morrer que entregar as Sagradas Hóstias aos pagãos. Comovido com esta coragem, o papa entregou numa caixinha de prata as Hóstias que deviam servir como conforto aos próximos mártires. Mas, passando Tarcísio pela via Ápia, uns rapazes notaram seu estranho comportamento e começaram a indagar o que trazia, já suspeitando de algum segredo dos cristãos. Ele, porém, negou-se a responder, negou terminantemente. Bateram nele e o apedrejaram. Depois de morto, revistaram-lhe o corpo, nada achando com referência ao Sacramento de Cristo. Seu corpo foi recolhido por um soldado, ocultamente cristão, que o levou às catacumbas, onde recebeu honorifica sepultura. 
Ainda se conservam nas catacumbas de São Calisto inscrições e restos arqueológicos que atestavam a veneração que Tarcísio granjeou na Igreja Romana. Tarcísio foi declarado padroeiro dos coroinhas ou acólitos, que servem ao altar. Mais uma vez encontramos a importância da Eucaristia na vida do cristão e vemos que os santos existem não para serem adorados, mas para nos lembrar que eles também tiveram fé em Deus. Eles são um exemplo de fé e esperança que deve permanecer sempre com as pessoas. Então, a exemplo de São Tarcísio, estejamos sempre dispostos a ajudar, a servir. Se cada um fizer a sua parte realmente nos tornaremos um só em Cristo
Patronato 

São Tarcísio é o patrono dos Acólitos e Ministros Extraordinários da Eucarístia. 
É também padroeiro dos operários que sofrem perseguições devido a suas crenças religiosas. 
Festa 
Sua festa é celebrada no dia 15 de agosto de cada ano. 
Como esta data é reservada pelo calendário hagiológico à solenidade da Assunção de Maria, São Tarcísio não é mencionado neste calendário, apenas na Martiriologia Romana.





NOSSA SENHORA DA BOA VIAGEM 
Os portugueses, grandes desbravadores dos oceanos, em sua devoção à Virgem não poderiam deixar de invocá-la em suas arriscadas viagens. Assim, deram-lhe o título de "Nossa Senhora da Boa Viagem", desde tempos imemoriais. Entretanto, a primeira igreja erigida em terras lusitanas sob esta invocação deu-se no ano de 1618, perto de Lisboa. 

No Brasil o culto a Nossa Senhora da Boa Viagem passou primeiramente pela Bahia, onde foi construída uma pequena igreja junto à praia. Em Pernambuco, por volta de 1707, o Pe. Leandro Carmelo construiu uma capela, também junto à praia. Providenciou a confecção de uma imagem da Mãe de Deus que foi colocada sobre o altar-mor do templo, em torno do qual surgiu o famoso bairro da Boa Viagem, ponto turístico da capital pernambucana. 
Nossa Senhora da Boa Viagem 

Ainda no século XVIII, foi construída, na baía de Guanabara, uma capela no alto da península junto a Niterói. Para custear as despesas do culto instituiu-se uma irmandade de pescadores e homens do mar. Todas as embarcações que aportavam ao Rio de Janeiro pagavam de boa vontade uma quantia para a manutenção do templo. Esta capela foi destruída por um incêndio em 1860 e reconstruída pela Sociedade Protetora dos Homens do Mar. 

Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem A devoção também aportou em locais afastados do litoral brasileiro. Por algo que só mesmo a Providência Divina pode explicar, a padroeira de Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, é Nossa Senhora da Boa Viagem. O historiador Augusto de Lima Jr. conta que, como era costume, em meio a uma esquadra lusitana que chegou ao Rio de Janeiro em 1709 encontrava-se a nau Nossa Senhora da Boa Viagem. Seu comandante, não tendo condições de prosseguir viagem, pediu dispensa da Marinha Real e com alguns companheiros embrenhou-se nos sertões de Cataguás em busca de ouro. Entre os seus sequazes estava o piloto Francisco Homem del-Rei, que antes de arriscar-se no interior de Minas Gerais, retirou do navio abandonado o nicho com a imagem da Virgem da Boa Viagem e a levou como sua protetora. 

Os aventureiros encontraram bastante ouro e se enriqueceram. Francisco del-Rei adquiriu terras no cerro de Congonhas, águas vertentes de um curral, isto é, fazenda de gado, que abastecia os mineradores da região. O antigo piloto aí construiu uma ermida em honra da Senhora da Boa Viagem, sua padroeira. 

Essa capela foi destruída e em seu lugar, em 1905 ergueram a mais igreja antiga da cidade de Belo Horizonte, capital de Minas Gerais. Em estilo neogótico, abriga vitrais de grande beleza. O altar-mor é trabalhado em mármore carrara. 

A propósito dessa Catedral, circula ainda uma lenda, que foi recolhida pelo estudioso do folclore Saul Martins. A lenda, se não desmente a história que se conta como verdadeira, serve para completá-la: "no começo do séc. XVII um português, acompanhado pôr três escravos de confiança, levava no lombo de dois burros, 15 arrobas ( aproximadamente 200 Kg ) de ouro em barras moedas e jóias. Ele foi perseguido por ladrões, quando passava pelo povoado de Curral d’El Rey. Para escapar do bando, ele resolveu enterrar a fortuna num tacho de cobre a 81 passos, em linha reta, contados da entrada principal da capela, em direção ao pico mais alto, à vista, da serra que deu o nome ao arraial. Vendo que não teria como escapar dos ladrões, o português mandou que um dos escravos levasse um mapa do tesouro para sua esposa em Caeté. Segundo a lenda, o português e os dois escravos foram mortos e o tesouro continua até hoje pôr lá. A antiga capela é hoje a Catedral de Boa Viagem!" 

Nossa Senhora da Boa Viagem é também venerada na cidade de São Bernardo do Campo (SP), na pároquia com o mesmo nome, criada no dia 21 de outubro de 1812, quando desmembrou-se da freguesia da Sé. Em 1813, o governo adquiriu terras de um certo Sr. Manoel Rodrigues de Barros para criação do novo povoado e edificação do novo templo. Havia naquela época, na freguesia, 1.423 habitantes e 218 habitações, mas ainda não havia sido construída a igreja. Apesar das tentativas do Pe. José Basílio, somente em agosto de 1814 é enviado à freguesia o Tenente Coronel Engenheiro da Corte, Pedro Muller. Ele constatou que tanto a capela estava sem condições, como o local era impróprio para fundar um povoado. Escolheram um local mais aprazível, distante dali por uns 600 pés, cortado pela estrada geral, atual Avenida Marechal Deodoro. Possivelmente o ínicio da construção tenha ocorrido entre 1815 e 1818. Presume-se que sua conclusão só tenha ocorrido por volta de 1848. Segundo consta, desde de sua criação, ela já recebeu a denominação de Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem. 

Em Portugal, mais precisamente na vila de Ericeira, todos os anos, nos dias 15 a 18 de agosto, desde 1947, a Senhora da Boa Viagem é homenageada com bailes, espetáculos, fanfarras, procissões, missa campal. É uma festa dos pescadores que todos os anos conta com uma comissão organizadora. Todos os anos o mar e a praia são abençoados.



Nossa Senhora da Lapa
(Quintela - Portugal)
(1498)

Em meados do ano 1498, ainda nenhuma habitação se abrigava, por muitos
quilômetros ao redor, no ponto mais alto de uma serrania da freguesia de Quintela.

Apenas alguns pastorinhos de magros e diminutos rebanhos freqüentavam as
agrestes paragens. Porém, tão violento era o local, que os próprios pastores o
evitavam tanto quanto possível, pois os duros rochedos graníticos pegando o solitário
local eram covil fácil e seguro de lobos e raposas.

Fazia exceção ao temor que o lugar inspirava, uma jovem pastorinha chamada

Joana, muda de nascença, que freqüentava com insistência as lapas e fraguedos
daquele insólito planalto, onde passava horas e horas a fio, sozinha e abandonada
de seus companheiros, mas sempre rodeada de seu rebanho de cabras e ovelhas.

Estas, apesar de já terem devorado tudo quanto de comestível se encontrava ao
redor, não se afastavam da pastorinha, que por sua vez não se arredava de
determinada lapa, justamente a de mais difícil acesso, pelo que era evitada por
todos os outros pastorinhos de Quintela. Os animais de Joana, no entanto, estavam
gordos, como se tivessem diariamente pasto fresco e reconfortante.

Aconteceu, porém, que a mãe de Joana veio a conhecer a predileção da filha
pelo recôndito penhasco, a mil metros acima do nível do mar, e não querendo que
ela perdesse tempo com o rebanho por aqueles ermos tão mal afamados, ordenou
que não se demorasse na lapa e que seguisse com o rebanho por toda a serra.

Obediente como boa filha que era, a muda Joana cumpriu as ordens da mãe, e
por isso, no dia seguinte, seus companheiros, com grande espanto, viram-na retirar do
seu bornal uma linda imagenzinha, de rosto tão formoso que dava gosto vê-la e
contemplá-la, pondo-se depois a rezar diante dela, o que fazia todos os dias, da
seguinte maneira: com toda a delicadeza tirava a imagem do seu bornal, colocavaa
em cima de uma das mais elevadas pedras da serrania e, depois de rodeá-la de
flores silvestres, fazia-lhe sua oração, contemplando-a com os olhos arregalados horas
e horas seguidas, como se estivesse a conversar com sua querida imagem, o que lhe
era impossível, por ser muda de nascimento. O rebanho não a abandonava um só
instante; em vez de procurar pasto e alimento, mantinha-se igualmente em muda e
admirativa contemplação, como se a melhor forragem fosse seu alimento cotidiano.

Ao cair da tarde, Joana guardava a imagenzinha no seu bornal, com todo o
cuidado e carinho, e, seguida do rebanho, voltava para casa, para no dia seguinte
recomeçar tarefa idêntica.

Assim se iam passando os dias, até que chegou o inverno com a neve, o frio, a
intempérie própria dessa estação, retendo a pastorinha e suas ovelhas no redil de seu
lar.

Numa tarde triste e sombria, com o vento uivando pelas desconjuntadas frestas
da pouco confortável habitação, lareira acesa para se poder resistir ao frio,

Joaninha, em seu habitual entretenimento, ajoelhada diante de sua querida
imagenzinha, estava tão absorta na oração que não se apercebeu das zangas da
mãe, que irritada, furiosa, sem que se soubesse o motivo do seu agastamento, toma
a imagem e arremessa-a à fogueira que na lareira ardia.

Nesse mesmo instante, um duplo milagre se observa, deixando estarrecidos
todos os que observaram a inesperada cena: as chamas, em rubros lampejos,
vacilantes, tremeluzindo, afastam-se da imagem, para poupá-la à sua fúria
devastadora, e Joana, a muda Joana, soltando um grito aflitivo, lancinante, exclama
aterradoramente: “Ó, minha mãe! Que fez a minha mãe?! Quer queimar a Senhora
da Lapa?!...

A mãe, atônita, espavorida, assombrada com o que vê e ouve, mais espavorida
se torna ainda, quando, ao querer retirar do fogo a santa imagem, que
inconscientemente tinha profanado, sentiu o braço direito paralisado, tolhido,
incapaz de fazer o mais simples movimento. E então, de admiração em admiração,
ouve a filha contar com toda a clareza e nitidez: “Encontrei esta linda imagem no
ponto mais alto da serra, escondida no fundo de uma lapa dos maiores penedos que
ali se encontram, quase impossível de nele se penetrar, tal a espessura dos silvados,
do tojo e do matagal que a escondiam aos olhos profanos. Brilhava no interior da
lapa com um estranho fulgor, e foi desde que a retirei de lá a minha companheira
inseparável. E deu-me a fala Nossa Senhora da Lapa!”

Veio a se saber mais tarde que a linda imagem tinha pertencido às beneditinas
do convento de Sermilo (Aguiar da Beira)e por elas fora escondida no recôndito
daquela lapa, para assim impedirem o sacrilégio de ser destruída pelas hostes do
terrível Al-Mançor. No recanto oculto e ignorado daqueles alcantis agrestes e bravios
tinha a imagem permanecido por mais de 515 anos.

Depois de a imagem ter sido retirada do fogo, todos se puseram de joelhos,
pedindo perdão a Deus pela profanação cometida, e logo depois foram procurar o
pároco da freguesia de Quintela, o qual, ciente do que se passara, colocou a
imagem num altar de sua igreja paroquial.

Novos milagres se operaram: a mãe de Joana recupera a força e o movimento
de seu lado paralisado; a pastorinha continua falando, exprimindo com clareza seus
pensamentos; e por três vezes a imagem, misteriosa e inexplicavelmente, desaparece
do seu altar da igreja paroquial de Quintela para de novo ser achada por Joana em
sua antiga lapa nos fraguedos gigantescos da alcantilada serra, que conserva seu
nome.

Compreenderam, então, todos os habitantes que Nossa Senhora da Lapa queria
permanecer no lugar onde tinha sido encontrada, e por isso foi ali, sobre o rochedo,
construída modesta capelinha que ficou sendo propriedade da freguesia de
Quintela.

Como os antigos burgos que se formavam junto dos castelos e catedrais, assim
em torno da modesta capelinha principiaram a aparecer as primeiras habitações,
que tomaram grande desenvolvimento, sendo mais tarde o conjunto elevado à
categoria de vila. Assim a Lapa deve sua existência e sua prosperidade à
circunstância do aparecimento da imagem da Virgem, e à afluência de fiéis e de
esmolas deixadas no lugar. O primitivo oratório e as barracas anexas, sob a jurisdição
do reitor Vila da Rua, passaram depois para a Companhia de Jesus, estabelecida
então em Portugal pela primeira vez e gozando de grandes simpatias.

Foi notabilíssimo o desenvolvimento que os jesuítas deram ao culto e à devoção
de Nossa Senhora da Lapa.

Uma parte das duas rochas pesadíssimas, alongadas, volumosas que constituem
a gruta ou lapa natural onde foi encontrada a linda imagem de Nossa Senhora (que
por esta circunstância foi intitulada pela pastorinho Joana, espontaneamente, Nossa

Senhora da Lapa) encontra-se atualmente dentro do santuário. A outra parte, por
demasiadamente volumosa, ficou num edifício anexo à parte posterior do templo,
comunicando com este por uma passagem exterior.

Ao entrar pela porta principal do santuário, o visitante depara, no centro, com
uma colossal penedia, com o altar do Menino Jesus, fechado por elegante grade de
ferro forjado, e, à direita, com a entrada para a gruta de Nossa Senhora da Lapa, a
qual serve de cúpula para o enorme rochedo.

Nenhum comentário: